Vou aqui colocar o comparativo realizado pela revista TURBO, entre as versões Touring dos modelos: BMW 320D, Mercedes C 220CDI, VW Passat e Audi A4. Espero que gostem.





Comparativo BMW 320d Touring e rivais
É um chefe de família ou tem a paixão de conduzir? Procura um modelo familiar ou é um seguidor da moda e quer uma carrinha porque é “in”? Pensámos em ambos e quer seja solidário com a família ou egoísta porque pensa apenas em si, neste leque de quatro carrinhas vai encontrar o que lhe interessa.

Confessamos a nossa perspectiva: somos egoístas e que temos uma enorme paixão pela condução. Por isso, foi indisfarçável o sorriso que se colou à face quando nos entregaram o BMW 320d Touring. E se num primeiro momento tivemos o impulso de o reservar para um trabalho a solo, fomos chamados à realidade e decidimos compará-lo com os seus mais directos rivais: Audi A4 Avant e Mercedes C SW para ver o que realmente vale a carrinha da série 3. Faltava agradar aos que são mais solidários com a família e aproveitando a chegada do Passat Variant, adicionamos o VW a este comparativo.
Assim, quer seja um egoísta ou um acérrimo defensor da família, leia este trabalho pois poderá encontrar aqui o seu próximo automóvel e, quem sabe, mudar de opinião.

Carroçaria
Bagageira destaca Passat
Não tem a qualidade referencial de BMW e Mercedes e fica até um pouco atrás da Audi, mas em termos de bagageira e acessibilidade, o VW é rei. São nada menos de 518 litros de capacidade na mala – que podem chegar a uns impressionantes 608 litros se encomendar o seu Passat Variant sem pneu suplente – e portas enormes com ângulos de abertura generosos. Os restantes ficam longe, com o 320d Touring e A4 Avant a oferecerem 460 litros e o C220 CDI SW uma capacidade total de 470 litros. Quando precisamos de usar a capacidade total, rebatendo os bancos traseiros, a superioridade do VW é esmagadora: 1731 litros contra 1385 para BMW e Mercedes e uns curtos 720 litros para o Audi.
Oferecendo o DSC (conjugando os controlos de estabilidade e de tracção) com dois patamares de utilização – total controlo ou maior liberdade com o DTC – o 320d Touring destaca-se da concorrência, apesar destes disponibilizarem de série o ESP e como no BMW, ABS c/EBD. Só que a marca bávara volta a fazer a diferença ao incluir no equipamento de série o controlo de travagem em curva (CBC) e controlo dinâmico de travagem (DBC).

Interior
Audi acanhada perde para rivais
Como sempre sucede, pegámos na fita métrica e medimos os habitáculos de cada uma destas carrinhas, para encontrar a cifra que quantifica o Índice de Habitabilidade. Para este segmento, o valor médio do índice é de 9400 pontos e contas feitas, apenas o A4 Avant fica abaixo da média. Mesmo sem a fita métrica era fácil perceber que o Audi é o mais acanhado de todos, longe de 320d (9474), C220 (9454) e especialmente, do Passat Variant (9555).
Convirá aqui destacar o esforço feito pela BMW, pois apesar do valor final não ser extraordinário, representa um enorme salto em relação ao anterior modelo, ultrapassando mesmo o Mercedes. Só não consegue derrotar o imenso VW. Esta é a maior carrinha deste comparativo (mais 10 centímetros que o C220 CDI SW, mais 16 centímetros que o A4 Avant e mais 22 centímetros que o novo BMW.
Se o Passat Variant é o melhor em termos de habitabilidade, acaba por ir parar à cauda do pelotão em termos de ruído. O motor injector-bomba é igual ao da Audi, mas a menor insonorização e a menor qualidade de alguns materiais, deixa-o atrás do A4 e longe do dinâmico BMW e do mais confortável e silencioso Mercedes.

Sem diferenças e com óbvia vantagem para o cliente, os quatro modelos analisados equivalem-se na oferta de seis airbags de série, o mesmo sucedendo com a climatização, com ligeira vantagem para o sistema da BMW, reactivo às condições de temperatura no interior do habitáculo.
Claro indicador da sua orientação, a Mercedes é a mais confortável do grupo, ocupando o BMW o último lugar, mesmo assim com um equilíbrio muito bom entre comportamento e conforto.
Curiosamente, o Audi A4 é mais confortável que o VW Passat, este penalizado pelo enorme comprimento e por uma maior firmeza da suspensão traseira, pensada para suportar as cargas que a grande bagageira consegue albergar. Outro capítulo onde o Passat Variant é melhor que os rivais é a funcionalidade. Com mais espaços para arrumação e uma bagageira melhor desenhada, cumpre na perfeição a sua função de modelo familiar. Porém, contas feitas, apenas o Audi A4 Avant se destaca dos restantes, muito por culpa de uma má habitabilidade e do ruidoso motor 2.0 TDI.

Mecânica
Potência destaca BMW
É o mais potente, o que tem melhor binário (em igualdade com a Mercedes, mas com menos cilindrada) e uma caixa rápida, precisa e relativamente bem escalonada. Usa suspensões avançadas e pensadas para um compromisso ideal entre o conforto e a eficácia em curva e graças ao chassis rígido, tem uma aderência extraordinária. Não espanta por isso a vitória clara do BMW 320d Touring neste capítulo da mecânica.
Com 150 CV (menos 13 que o BMW), o bloco de 2.2 litros do Mercedes tem um óptimo binário e uma grande agradabilidade de utilização, sendo pena a caixa de velocidades manual não ter a precisão e rapidez necessárias. O escalonamento é correcto, o que lhe permite mesmo ser o melhor em termos de recuperações. Como no BMW, a tracção é feita às rodas traseiras e os níveis de aderência e tracção são elevados, pese embora a postura menos dinâmica e mais confortável do C220 CDI SW.
O motor TDI de 2.0 litros continua a apostar na técnica do injector-bomba, debitando furiosos 140 CV e um binário de 32,6 mkg, ligeiramente inferior aos motores de BMW e Mercedes.
No Audi e no VW, o bloco mostra enorme rapidez a subir de regime, mas esgota com a mesma velocidade a margem de utilização, sendo por vezes complicado de gerir a excelente caixa de velocidades de ambos. Facilmente batem o BMW nas recuperações de aceleração, mas ficam muito atrás do Mercedes. Com tracção dianteira, têm maior dificuldade em lidar com a potência, tornando obrigatória a presença de um controlo de tracção e de estabilidade, que acaba por equilibrar a contenda.

Ao volante
BMW Touring pensado para o condutor
Como dissemos no início, o 320d Touring é feito para os egoístas que tem paixão pela condução. Não foi por acaso que o primeiro carro onde nos sentamos foi o BMW. O banco é excelente e graças às múltiplas regulações deste e do volante, facilmente encontramos a posição de condução perfeita. Com uma direcção directa e comunicativa, no BMW sentimos que estamos a controlar os acontecimentos. O “feeling” transmitido é bom e com a ajuda dos sistemas electrónicos de ajuda à condução, é fácil andar depressa. Até nos esquecemos que estamos ao volante de uma carrinha! Mas se quiser dispensar o DSC, pode optar pelo DTC, mais liberal, que mesmo assim não vai ter grandes dificuldades em controlar este 320d Touring. Pena que a travagem, entregue a quatro discos ventilados (únicos neste confronto), não seja a melhor, afastando-se da média com uns inesperados 48 metros para se imobilizar lançado a 100 km/h.
Curiosamente, quem mais se aproxima é o Audi, graças às suas dimensões contidas e muito semelhantes às do BMW, uma direcção que, longe de ser perfeita, ajuda o condutor, e uma posição de condução boa. O recurso a suspensões independentes multibraços nos dois eixos e um chassis rígido permite-lhe ter um bom comportamento. Num dado percurso, consegue manter o BMW à vista, mas não consegue chegar-se ao 320d Touring, mesmo que este siga com o DSC desligado e o A4 beneficie do auxílio do ESP. Condicionado pela sua orientação mais familiar, o Mercedes anda depressa, mas curva pior que BMW e Audi e fazendo jogo igual com o Passat Variant. E para o resultado não ser pior, faz amplo uso do ESP que se pode desligar, mas que automaticamente volta a conectar-se assim que haja algum abuso. Embora use o mesmo tipo de suspensões que Audi e BMW – eixos independentes com sistemas multibraços – não os consegue acompanhar e contenta-se me fazer jogo igual com o VW, mesmo que a direcção filtre demasiado as informações da estrada. A posição de condução é muito boa, embora como é tradição na Mercedes, o volante seja um pouco maior do que o desejável. Grande e com uma enorme massa para movimentar, o Passat Variant acaba na cauda do pelotão. Tendo como base o Golf, possui enorme peso à frente das rodas dianteiras e traseiras, o que “baralha” um pouco o centro de gravidade e a distribuição de pesos. A direcção é menos sensorial que a do Audi e a posição de condução não é a melhor, muito por culpa dos bancos. Vale o facto da travagem ser das melhores e do Passat Variant conseguir acompanhar o Mercedes, embora fique longe de BMW e Audi, não dispensando o auxílio do ESP para compensar um ligeiro nervosismo da traseira.
Economia
Audi com excelente preço
Confessamos que ao olhar para os preços ficámos impressionados com as diferenças, nomeadamente, entre o Audi A4 Avant e o Mercedes C220 CDI SW, respectivamente, o mais barato e o mais caro. São nada menos de sete mil euros a favor do Audi, inexplicáveis olhando para a listagem de equipamento oferecido pela versão Sport Edition ensaiada. É evidente que o Mercedes tem vantagem em termos de imagem, valor de retoma e espaço interior e até em termos de prestações, mas tantos euros é uma diferença dificilmente explicável.
Para o BMW e para o VW, a diferença é bem inferior e não ultrapassa os quatro mil euros, com alguma vantagem para a versão Highline do VW Passat que, conforme se pode verificar pela listagem de equipamento, é mais caro mas tem mais equipamento oferecido de série que o 320d e o A4 Avant.
Mesmo assim, estranha-se que seja mais caro que um Audi e um BMW! Porém, isso explica-se com uma série de equipamentos que não são comuns no segmento serem oferecidos de série: travão de estacionamento eléctrico, sistema de mãos livres sem chave, faróis de xénon direccionais, instalação de telemóvel e estofos em couro. Por isso mesmo, acaba por ser um bom negócio o Passat Variant mais caro que um BMW.
Em termos de custos de manutenção, todos têm os mesmos intervalos, diferenciando-se nas garantias: a Mercedes oferece 30 anos para corrosão e 3 anos para a pintura, ficando-se os carros do grupo VW pelos 12 anos anti-corrosão e 3 anos para a pintura, sendo o pior o BMW, cuja garantia para corrosão e pintura não vai além dos 6 e 2 anos, respectivamente.
Quanto aos consumos, o bloco TDI é o mais económico, quer no Audi quer no VW, embora não existam milagres e as médias fiquem sempre acima dos 7 litros. O motor BMW exibe médias inferiores a 8,5 litros, sendo o mais gastador o Mercedes com médias sempre acima dos 9 litros.
Conclusão - BMW apaixonante, Passat mais racional
Perfeito nos equilíbrios dinâmicos, o BMW foi pensado para quem conduz. Mesmo assim é razoavelmente confortável e em termos familiares oferece uma interessante habitabilidade. Podemos criticar a capacidade da mala, mas os seus rivais, à excepção do Passat, não fazem melhor. Qualidade e equipamento aceitável com um preço interessante são outros argumentos suficientes para dar a vitória ao BMW. A igualdade entre Mercedes e VW pode estranhar, mas a carrinha C220 CDi continua muito bem construída e tem um valor de retoma impressionante, respondendo a Passat também com uma boa imagem de marca mais uma habitabilidade e bagageira imbatíveis. Para quem quer um carro familiar, esta é, definitivamente, a melhor escolha. O último lugar do Audi, apesar do óptimo preço, explica-se pelo envelhecimento prematuro.

Cumprimentos