Tanto pela conservação, como pela segurança, a carroçaria não pode ter ferrugem nem pode estar empenada. Para descobrir o passado do carro, inspeccione os faróis e farolins. Se forem novos, em especial se apenas um deles o fôr, é de admitir que o carro tenha sofrido um acidente, pois raros são os automobilistas que substituem um farol por estar velho. Se estiver rachado, descolorido ou torto e o espelho estiver baço ou com ferrugem, o carro teve muito uso e poucos cuidados. Jantes amolgadas são mau sinal para a direcção. Isso traduz pancadas em buracos ou pas-seios, que se repercutem no alinhamento das rodas e podem ofender os pneus. Veja se o volante não vibra quando o carro circula a alta velocidade. Certifique-se de que o chassis não está empenado: Veja se algum dos pneus tem um desgaste anormal. Depois, meça com rigor a distância que vai do pneu à carroçaria em cada uma das quatro rodas. Veja se nenhuma das rodas está mais recuada, pois nesse caso é sinal mais que evidente de que o "chassis" está realmente torto, o que significa que, em matéria de segurança, o carro está condenado.
Prefira sempre que o carro ostente a pintura de origem. É preferível alguma falta de brilho ou até algumas esfoladelas, a uma repintura à pressa feita pelo comerciante. Desta forma saberá qual o real estado da carroçaria. Geralmente é fácil ver se o carro foi repintado ou não, mas casos há em que o disfarce é até bem feito. Veja junto aos frisos se não existem sinais de tinta antiga acumulada, se as borrachas vedantes dos vidros e das portas estão sujas de tinta, se existe tinta de outra cor dentro do compartimento do motor e se a cor da tinta nas junções é exactamente a mesma. A ferrugem é o cancro do automóvel. Retire os tapetes e veja o estado da chapa, tanto no piso como no fundo da bagageira. Deite-se debaixo do carro e, com uma lanterna, veja, milímetro a milímetro, se há buracos, falta de chapa ou remendos. Veja também por baixo da roda sobressalente se não existe ferrugem. As embaladeiras, cavas de rodas, caleiras e locais junto aos frisos onde há parafusos são sítios preferidos da ferrugem.
INTERIORES
Analise o interior do carro em pormenor e ficará a saber se está a fazer uma boa compra. Aqui pode colher indícios sobre o tratamento a que o carro foi sujeito e, claro está, sobre a sua idade.
Note se as capas que revestem os pedais estão muito gastas. Se forem novas, desconfie. Verifique o estado do forro dos bancos. Verifique também se estes estão demasiado deformados e experimente a sua regulação. Veja se as molas de enrolamento dos cintos ainda têm força. Veja o aspecto das chaves e da fechadura de ignição. Repare também no volante e aproveite para verificar se há folgas na direcção. Mexa-o para os dois lados e veja se as rodas respondem prontamente.
MECÂNICA
Através de alguns testes, pode apurar se existem problemas graves. Se o motor estiver muito limpo pode traduzir cuidados do antigo proprietário ou um estratagema do vendedor para ocultar fugas de óleo. Retire a vareta do óleo e veja o aspecto deste. Não deve ser preto nem ter limalha de ferro. Veja (no respectivo depósito) se o líquido de refrigeração tem vestígios de ferrugem ou de óleo. Observe se tudo está no seu devido sítio e se as tubagens têm bom aspecto. Apalpe-as para ter a certeza de que não estão pôdres. Exija que lhe mostrem o filtro do ar. Se estiver sujo de óleo tal significa que o motor pode necessitar de ser recondicionado. Confirme essa suspeita verificando se o tubo de escape se apresenta gorduroso interiormente, pois em caso afirmativo fica provado que o motor está a queimar óleo. Se houver fios novos ou suplementares na instalação eléctrica, desconfie. Procure na bateria se esta tem alguma inscrição sobre a sua data de fabrico (muitas têm). Se tiver mais de três anos está a caminho da "reforma". Se os bornes tiverem pó branco também é mau sinal. O ideal seria que verificasse o lubrificante da caixa de velocidades. Há comerciantes que, para evitarem os ruídos das engrenagens lhe juntam serradura, mas esta é uma das questões que só se apuram ao pormenor utilizando o carro, e isso consegue-se se o comprar com garantia. As suspensões devem denotar a rigidez adequada: ao carregar a frente ou a traseira, a carroçaria não pode ficar a oscilar, mas sim regressar prontamente à posição correcta. Insista para que o deixem conduzir o carro. Se este estiver em boas condições, o vendedor não tem nada a temer. Se possível, vá a um centro de diagnóstico e verifique a parte eléctrica e a compressão.
DOCUMENTOS
Nalguns casos, o vendedor só procede à transferência de propriedade quando o comprador liquidou uma parcela substancial do valor do carro. Daí a utilidade de um contrato de compra e venda em que seja descriminado o preço, as características, o ano de fabrico e a matrícula do carro. O livrete e o registo de propriedade são também fundamentais. Opte sempre por um comerciante que lhe dê uma garantia por escrito (com descriminação do tipo de garantia, orgãos abrangidos e prazos). O comprador tem de segurar a viatura. Ao comprar um usado peça sempre para ver o livro de revisões do carro. Este pode comprovar a quilometragem constante no conta-quilómetros. Tente obter informações através do antigo proprietário. Uma conversa com este pode evitar a compra de "gato por lebre".
Abraços

BB